Este cenário deixa muito a desejar Para a peça das nossas vidas! Não posso deixar de apontar o dedo Ao escultor de estátuas de sal grosso Que ao temperar a alma com lágrimas Impede que quem compra visões do inferno Cumpra o sentido da fome leviana Na hora da reanimação dos esqueletos. Quem abriu os braços pode ser reencontrado Na periferia de um poema em forma de cruz. E só entra em pânico quem não se deu a morrer Na urgência de amar os filhos dos outros. Os protagonistas estão atrasados? Faltaram ao ensaio geral e agora Volta a ser tudo como da primeira vez… Neste palco já se representaram demasiadas tragédias Para se pensar num final ordinariamente feliz. Quem não conspirou estas paredes despidas Não pode agora, por preconceito, gritar Que o tempo está demasiado seco Para a conformação da cor. Estão todos convidados para a estreia Do espectáculo onde os actores fazem deles próprios! Sentem-se na primeira fila, Que todos os outros lugares Estão reservados aos fantasmas, Em...